“Numa toca no chão vivia um hobbit...”
Essa frase da inicio a história, e que frase é essa?! Simples e direta, mas deixa a expectativa, te convida e te dá um vislumbre da aventura que você está embarcando. Quando eu li isso, meus olhos brilharam, e devo dizer que isso não ocorre com facilidade. E sabe o que é curioso? Tolkien era professor e examinava documentos de candidatos a Universidade, um deles deixou uma página em branco entre os papéis,
“Possivelmente a melhor coisa que poderia ocorrer a um examinador – e eu escrevi nela: Em um buraco no chão vivia um hobbit, não sabia e não sei por quê.” — Tolkien
Apenas dois anos depois, a partir dessa frase, O Hobbit surgiu, mas ficou pela metade. Só depois de um empréstimo despretensioso do manuscrito e desse ter passado por algumas mãos, o professor foi encorajado a terminá-lo. O livro foi escrito para ser lido para seus filhos, por isso é uma leitura leve, divertida e sem nada de muito sombrio. Nessa época, Tolkien considerava O Silmarillion sua obra mais promissora, mas quando a ofereceu a editora, recebeu uma recusa, segundo os editores ‘o mundo iria querer mais histórias de hobbits’, e ele foi encorajado a continuar essa saga. Foram 12 anos de trabalho até a conclusão de “O Senhor dos Anéis”, obra que torna escassos meus adjetivos. Obrigada aos editores. ;)
Mas porque estou falando tudo isso? Porque li O Hobbit, vi os filmes e fiquei louca para compartilhar algumas coisas sobre eles, mas preciso esclarecer duas coisas:
1 – Esse livro é excepcional, genial, brilhante... Tolkien é mestre demais! Acho um pouco desnecessário e muito audacioso fazer resenha nesses casos, então escolhi fazer algo diferente, falar um pouco de Tolkien, contar um pouquinho da obra e deixar a meus comentários sobre a relação livro/filmes.
2 – Livro é livro e filme é filme. Não tenho muito grilo quanto a isso, o filme pode ter diferenças e ainda assim ser bom. Claro, existe aquele lance de essência a ser mantida, mas na minha opinião, devemos entender que nem tudo que funciona no livro, funcionaria na tela, e o contrário também, por isso se chama adaptação e não ‘representação totalmente fiel da obra’.
O LIVRO
Páginas: 306
Lançamento: 2013
Editora: Martins Fontes
Classificação: ★★★★★ ♥ Favoritado!
Editora: Martins Fontes
Classificação: ★★★★★ ♥ Favoritado!
Um grande clássico moderno e prelúdio de O Senhor dos Anéis. Bilbo Bolseiro é um Hobbit que leva uma vida confortável e sem ambições, raramente aventurando-se para além de sua despensa ou sua adega. Mas seu contentamento é perturbado quando Gandalf, o mago, e uma companhia de anões batem à sua porta e levam-no para uma expedição. Eles têm um plano para roubar o tesouro guardado por Smaug, o Magnífico, um grande e perigoso dragão. Bilbo reluta muito em participar da aventura, mas acaba surpreendendo até a si mesmo com sua esperteza e sua habilidade como ladrão! Escrito para os filhos de J. R. R. Tolkien, O Hobbit conquistou sucesso imediato quando foi publicado em 1937. Vendeu milhões de cópias em todo o mundo e estabeleceu-se como "um dos livros mais influentes de nossa geração". - The Times.
O Hobbit, lá e de volta outra vez, é a narração da grande aventura da vida sem aventuras de Bilbo Bolseiro, pois hobbits não gostam de aventuras, elas não são bem vistas entre eles. A narração é em terceira pessoa, e em vários momentos fiquei com aquela sensação de histórias contadas ao redor da fogueira por uma voz familiar. O envolvimento com a história é imediato, me senti enfeitiçada pela escrita de Tokien e se for deixar aqui tudo que achei desse livro, faltarão caracteres.
Meio a contra gosto, Bilbo aceita ser contratado como ladrão por uma tropa de anões, 13 ao todo, cujo líder é Thorin escudo de Carvalho, filho de Thraín, filho de Thrór, rei sob a montanha. O objetivo deles? Tomar o tesouro de seu povo de volta! Só tem um pequeno detalhe, o caminho até a montanha, antigo reino dos anões, é longo, cheio de perigos e dúvidas e a montanha é o reino solitário de um terrível e temido dragão, Smaug - que cobiçando o tesouro dos anões, expulsou o povo da montanha e outras raças que viviam nas terras ao redor, transformando tudo numa grande desolação - porém por uns 60 anos o dragão não foi visto, talvez esteja morto e a montanha seja de novo dos anões, talvez não e o ladrão Bilbo terá de roubar o tesouro.
Além da destemida tropa de anões e um hobbit, temos Gandalf, o cinzento, que nessa história dá uma de mestre dos magos – às vezes está, às vezes não está – ao menos ele aparece nas horas mais necessárias e não o contrário. A escolha de Bilbo foi conselho do mago que vê nele mais do que ele próprio, e sua função é a de ajudar os anões a chegar à montanha e entrar, já que a passagem é oculta. Ao longo do caminho conhecemos algumas criaturas que habitam a Terra Média, elfos, orcs, trolls, Wargs, homens e Gollum, o velho Smeagol. É nessa jornada que Bilbo encontra acidentalmente um anel que o torna invisível e que será bem útil em sua jornada.
OS FILMES
O Hobbit - Uma Jornada Inesperada
Duração: 2h49min
Lançamento: 14 de dezembro de 2012
Classificação: ★★★★★ ♥ Favoritado!
Classificação: ★★★★★ ♥ Favoritado!
O livro tem 300 páginas, a adaptação tem três filmes, e o primeiro filme três horas! São 166 minutos, ou mais de 180 minutos na versão estendida. No começo fiquei me perguntando o que ia sobrar para os outros filmes e no fim, fiquei espantada como acabou rápido. Peter Jackson não decepcionou, o filme é tão envolvente quanto o livro, é divertido, é encantador. O primeiro filme transmite toda a atmosfera que você percebe no livro, achei o texto muito fiel ao livro na versão dublada, e a fotografia é belíssima, não tem como não se admirar com os cenários da terra média, as cores, as luzes...
Martin Freeman, o nosso Bilbo, ganha nossa simpatia fácil, ao ponto de não saber quem tem mais mérito, ator ou personagem. A tropa de anões é adorável – imagino que eles não gostariam desse adjetivo – e guerreira, fiel ao seu propósito de reconquistar a montanha, ainda que para isso precisem enfrentar o dragão. E essa foi a primeira diferença, o objetivo da jornada é diferente, o próprio Gandalf tem um propósito por trás de tudo isso. Mas e o ladrão? Para que serve o Bilbo se pretendem matar o dragão? Os anões não são bobos, são apenas 13 anões contra um dragão poderoso, sem contar que outros povos cobiçam aquele tesouro, sabendo disso Thorin pretende roubar a Pedra Arken do covil da serpente, a pedra do Rei, o que lhe dar o direito de invocar os outros exércitos de anões para sua batalha.
As diferenças entre filme e livro acontecem por dois motivos, o primeiro é que Tolkien não tinha nem ideia que escreveria O Senhor dos Anéis quando escreveu O Hobbit, já no mundo cinematográfico, a saga de Frodo foi adaptada primeiro, sendo necessária a criação de algumas ligações entre as duas histórias, e segundo, Peter Jackson é um grande fã de Tolkien e da mitologia criada por ele a partir de O Hobbit, com a história da Terra Média, geografia, história, cultura, raças, idiomas e até cosmologia. O diretor queria que os fãs pudessem conhecer um pouco mais, e entender um pouco mais das ligações com outras histórias do universo expandido da Terra Média, como ‘O Silmarilion’ e ‘Contos inacabados’, e algumas alterações surgiram daí.
Por exemplo, Radagast, o castanho, ele aparece nos livros ‘O Senhor dos Anéis’ e ‘Contos inacabados’ mas é apenas citado em ‘O Hobbit’, porém ele é um dos magos enviados pelos espíritos para combater o mal e zelar pelo equilíbrio, trama que aos poucos ganha espaço na trilogia como gancho para ‘O Senhor dos Anéis’. E é a introdução a essa trama que traz para as telonas personagens já conhecidos como Galadriel, Sauron, Legolas, Thranduil. Além de outros que não deveriam existir, como Azog, orc que teve o braço decepado por Thorin no filme, mas que no livro, morreu naquela mesma batalha. Falando nisso, a companhia de Thorin tem um encontro com Azog e sua corja, no qual Bilbo, com muita coragem, salva a vida do anão, isso ressalta ainda mais a mudança pela qual o personagem passa tanto no livro como no filme. (Frodo é mesmo sobrinho de Bilbo?). Só para constar, o encontro com orcs acontece, mas não tem Azog nem Thorin sendo salvo por Bilbo.
Mas já disse e repito, apesar de qualquer mudança o primeiro filme é excepcional, não importa a sua idade, se você assistiu ‘O senhor dos Anéis ‘, ou se leu algum dos livros, vale a pena e você vai gostar.
O Hobbit - A desolação de Smaug
Duração: 2h41min
Lançamento: 13 de dezembro de 2013
Classificação: ★★★★★
Classificação: ★★★★★
A continuação me deixou com a impressão de está vendo dois filmes ao mesmo tempo, um que continua a jornada do pequeno Hobbit e seus amigos e outro que quer muito introduzir ‘O Senhor dos Anéis’. A história de Bilbo, apesar de perigos e aventuras é uma história feita para crianças, muito diferente da história de Frodo que mostra coisas como a corrupção do homem, a batalha sombria do bem contra o mal, o segundo filme da trilogia mantém ambos os aspectos, mas eles parecem não se relacionar muito bem e as mudanças se tornam um pouco forçada.
No livro, eu adorei a passagem da Floresta das trevas, dos Elfos e de Beorn, conseguimos conhecer mais de Bilbo e seus amigos, vemos um crescimento de caráter, lealdade, coragem e amizade. Já no filme, deixaram meio de lado os acontecimentos na floresta e na casa de Beorn, para dar grande foco no reino Élfico e na perseguição dos Orcs (e nas proezas da diva élfica, Legolas), mais uma vez priorizando ‘O Senhor dos Anéis’. Alias, Thranduil (Diva das divas), o rei elfo no filme, não tem nem o nome citado no livro. Além dele surge Tauriel, elfa cuja as proezas em batalhas são dignas de Legolas, e que é responsável por introduzir romance na trama, através de um triangulo com o anão Kili e Legolas (The biggest friendzone ever).
Contudo, a qualidade de imagem e som continua a mesma, não sei se vocês sabem, mas esse filme usou tecnologias que não são tão comuns para garantir uma experiência diferente, quem teve a oportunidade de assistir a versão 3D em 48 frames, certamente saiu babando. E separando filme e livro, sim, é um ótimo filme, e mais curto que o primeiro.
O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos
Duração: 2h24min
Lançamento: 11 de dezembro de 2014
Classificação: ★★★★
Classificação: ★★★★
Desse eu vou falar pouco, bom filme, boas cenas de ação, mais uma vez o personagem de Bilbo se destaca, assim como alguns anões que ganham nossos corações (ao menos o meu) Balin, Fili e Kili, Bonfur e Bombur, Dwalin. O homem da cidade do lago, Bard, é outro personagem que me impressionou no livro e nos filmes, só que nos filmes ele tem três filhos, além de uma herança diferente - a última flecha negra de Girion, a única capaz de atravessar a couraça do dragão e que seu antepassado teria falhado em acertar. Será? A verdade é que ele acertou, arrancando uma escama do bicho e deixando vulnerável, mas ele não teve tempo de atirar novamente. O próprio Bard só acredita nisso ao ver o ponto exposto no dragão, algo que Bilbo também constata em seu encontro com ele.
Já no livro, essa descoberta pertence à Bilbo, e Bard fica sabendo através de um tordo que ouviu o hobbit falar para os amigos na montanha. Outra diferença é que Smaug jamais encontra os anões no livro, apenas Bilbo, que passa a maior parte do tempo com o anel. No filme Bilbo participa das batalhas e podemos ver os detalhes dos enfrentamentos de anões e elfos, e depois anões, elfos e homens contra os dois exércitos de orcs, quando no livro ficamos sabendo do que se passou apenas quando relatam a Bilbo tudo que aconteceu, já que ele acaba apagando com o anel no dedo, ou seja, invisível, e só é encontrado quando a batalha acaba.
Na minha opinião não podemos comparar ‘O Hobbit’ e ‘O Senhor dos Anéis’, enquanto livro, os dois são geniais, mas ‘O Senhor dos Anéis’ levou 10 anos para ser concluído e o universo da Terra Média era bem mais consistente do que quando seu predecessor foi escrito, além do fato desse ser uma história para crianças, ainda assim é tão... talvez mais cativante e empolgante que sua continuação.
E no cinema, são duas obras primas, a trilogia de ‘O Senhor dos anéis’ tem a coleção de estatuetas do Oscar para provar, e o Hobbit o seu sucesso em bilheterias, que apesar de não ter batido a trilogia de Frodo, nem ter acançado o que esperava, arrecadou muito mais do que gastou, garantindo lucros altos.
PS: Não assista dublado, você não vai querer perder a chance de ouvir Benedict Cumberbatch interpretando Smaug. E se você pensa que foi só empresar a voz e pronto, dá uma olhada no vídeo, além da voz o ator emprestou suas expressões e movimento ao bichão.
- Anelise Azevedo
Olá!
ResponderExcluirQuando li o hobbit, gostei muuito e esperava amar o filme, mas achei que o fato dele ser dividido em partes fez a história se perder um pouco...
http://whoisllara.blogspot.com.br/
A comparação entre filme e livro mais sensata que já vi! Também acho possível admirar o filme somente como filme, mesmo sendo adaptado de um livro. E eu, particularmente, amo, tanto o livros, quanto os filmes do Hobbit! Coisas mais lindas do mundo! Beijos!
ResponderExcluirBlog Vintee5 | Canal Vintee5
Oiii
ResponderExcluirA única coisa que li de Tolkien foi O Retorno do Rei e não funcionou comigo. Achei a escrita do autor difícil de entender, a narrativa confusa e hora eu lia na visão de um personagem e de repente na mesma página já estava na visão de outro personagem e outra batalha. Eu fiquei louca! Isso foi na época da trilogia de Senhor dos Anéis e eu era mais nova e não tinha essa carga de leitura que tenho hoje. Provavelmente eu teria uma outra perspectiva, só tenho medo de arriscar de novo! Hahahahhahaha
Beijos!
Cintia
www.devaneiosdeumacindy.blogspot.com.br