[Resenha] Onde cantam os pássaros, de Evie Wyld

Páginas: 256
Lançamento: 2015
Editora: DarkSide Books
Classificação: ★★★★★

No premiado romance de Evie Wyld, a fazendeira Jake White leva uma vida simples numa ilha inglesa. Suas únicas companhias são rochedos, a chuva incessante, suas ovelhas e um cachorro, que atende pelo nome de Cão. Tendo escolhido a solidão por vontade própria, Jake precisa lidar com acontecimentos recentes que põem em dúvida o quanto ela realmente está sozinha – e o quanto estará segura. De tempos em tempos, uma de suas ovelhas aparece morta, o que pode ser muito bem obra das raposas que habitam a floresta próxima à sua fazenda. Ou de algo pior. Um menino perdido, um homem estranho, rumores sobre uma fera e fantasmas do seu próprio passado atormentam a vida de uma mulher que sonha com a redenção.

Ela queria se isolar de tudo e todos, mas agora está cercada pela crueldade do silêncio e a mais pura manifestação da natureza. O ciclo da vida é muito mais assustador quando o fim ecoa dentro de nós. Prepare-se para descobrir uma grande autora, e um livro à sua altura.

Se comprei esse livro por ele ter a mais linda edição que já vi na vida? Sim, com certeza. Mas também não pensem que não procurei saber sobre a história antes de lê-lo, e ainda bem que fiz isso, por que conhecimento prévio foi a melhor ferramenta que eu poderia ter encontrado para me amarrar nessa leitura.

Pela capa rosa, algumas pessoas podem imaginar que se trata de um livro fofo, e já te digo logo que não tem nada de fofo nessa história. Muito pelo contrário, ela é nua e crua, real e dolorosa, um drama psicológico com boas pitadas de suspense, mas que também não chega a ser terror.

Nossa personagem principal é no mínimo misteriosa. A Jake vive sozinha, criando ovelhas em uma fazenda localizada em um lugar completamente isolado. Desde o início da história percebemos seus medos e cicatrizes, que servem como indicação de seu passado sombrio, e quando suas ovelhas começam a aparecer mortas de formas muito estranhas, nos questionamos como ela foi parar naquela situação.

A narrativa se intercala entre capítulos que progridem do presente para o futuro, narrados no passado, e capítulos que progridem do presente para o passado, narrados no presente. Parece complicado, mas se você iniciar a leitura já sabendo disso, logo ela começa a fluir bem rapidamente. 

Essa estrutura inusitada pra mim foi um ponto super positivo, pois ela criou um suspense ainda maior e me deixou sempre com vontade de saber mais e descobrir logo o que tinha acontecido com Jake e o que estava matando suas ovelhas. 

As descrições são trabalhadas de forma bem detalhada (e muitas vezes impactante), o que fez com que eu conseguisse imaginar perfeitamente os cenários e as sensações da personagem. Li algumas resenhas de pessoas que reclamavam da quantidade de palavrões, mas isso não me incomodou, achei os diálogos condizentes com as condições e o local em que os personagens se encontravam.

Gostei bastante da leitura, e acho sim que o livro (e a autora) merece os prêmios que ganhou. Ele me deixou pensativa com relação a atitudes precipitadas e as consequências drásticas que elas podem ter na nossa vida, nos levando a lugares que nunca imaginaríamos. Muitas vezes julgamos as pessoas sem ao menos saber seu passado, o que as levou a fazer o que fazem ou ser do jeito que são.

Apenas uma coisa me incomodou: o desfecho. Não é que tenha sido ruim ou inconclusivo, consigo imaginar o que aconteceria a partir do que a autora escreveu, mas gostaria sim que ela tivesse escrito mais, tivesse me dado algo mais concreto para sentir ao acabar a leitura.

Esse é mais um daqueles livros que muitos vão odiar, mas veja pelo lado positivo: mesmo se você não gostar a história ainda vai ter uma edição linda para enfeitar sua prateleira (sim, eu já comprei ele pensando nisso). Mesmo assim recomendo a leitura, principalmente para os que tem mente aberta.

Obs.: Não encontrei erros de revisão/tradução na minha edição. Vi muuuitas pessoas reclamando sobre isso, mas não sei se peguei uma remessa que já havia sido corrigida ou apenas se não percebi. De qualquer forma, ainda considero as edições da DarkSide as mais perfeitas no mercado brasileiro!