[Resenha] Sangue quente, de Isaac Marion

Páginas: 256
Lançamento: 2011
Editora: Leya Brasil

Classificação: ★★★★★ 

R é um jovem vivendo uma crise existencial - ele é um zumbi. Perambula por uma América destruída pela guerra, colapso social e a fome voraz de seus companheiros mortos-vivos, mas ele busca mais do que sangue e cérebros. Ele consegue pronunciar apenas algumas sílabas, mas ele é profundo, cheio de pensamentos e saudade. Não tem recordações, nem identidade, nem pulso, mas ele tem sonhos.
Após vivenciar as memórias de um adolescente enquanto devorava seu cérebro, R faz uma escolha inesperada, que começa com uma relação tensa, desajeitada e estranhamente doce com a namorada de sua vítima. Julie é uma explosão de cores na paisagem triste e cinzenta que envolve a "vida" de R e sua decisão de protegê-la irá transformar não só ele, mas também seus companheiros mortos-vivos, e talvez o mundo inteiro.
Assustador, engraçado e surpreendentemente comovente, Sangue Quente fala sobre estar vivo, estando morto, e a tênue linha que os separa.

Estou num dilema emocional. Pela primeira vez não sei se gosto mais do filme ou do livro. O filme Meu namorado é um zumbi já havia me conquistado faz tempo, e é um daqueles que não canso de assistir. Quando descobri que era baseado num livro corri para comprar na mesma hora!

Não sei vocês, mas eu sempre tive uma curiosidade de saber o que se passava dentro da mente de um zumbi, e o R é a personificação perfeita do tipo de conflito interno que esses seres sobrenaturais deveriam sofrer se eles realmente existissem e fossem capazes de ter pensamentos.

Comer não é uma coisa prazerosa. Mordo e arranco fora o braço de um homem, e odeio isso. Odeio os gritos, porque não gosto de dor, não gosto de machucar as pessoas, mas agora o mundo é assim e é isso que temos que fazer.

Imagine que você é um zumbi, você precisa comer pessoas. Mas não é apenas uma necessidade, é um instinto, uma compulsão. Sua mente diz não, mas seu corpo diz sim. Você não tem escolha, está preso dentro de uma cadeia feita de carne e músculos e não tem para onde correr. 

Então, você come. Mata pessoas e come. Será que você sentiria remorso? Ressentimento? Dor? Será que você agiria racionalmente e justificaria seus atos colocando a culpa na "doença"? Você conseguiria dormir em paz de noite? 

Dá para captar o clima gente? Viver num mundo dominado por zumbis não é fácil, mas ser zumbi também não é! E nesse clima pesado conhecemos R, um zumbi inteligente, que come o cérebro de um rapaz e se apaixona por sua namorada.

Ponho uma mão sobre meu peito. No meu "coração". Será que este pobre órgão ainda representa alguma coisa? Ele só fica ali no meu peito, parado, sem bombear mais sangue, sem nenhum propósito, mas meus sentimentos ainda parecem se originar de dentro de suas paredes geladas. minha tristeza silenciosa, meus anseios vagos, e minhas raras centelhas de felicidade. Elas se represam no centro do meu peito e da lá escoam para fora, diluídas e fracas, mas reais.

O livro é completamente idealista e utópico, e ao mesmo tempo super fofo e romântico. Sei que com certeza muita gente não iria gostar, mas eu acho muito perfeito! O autor escreve lindamente, e estou completamente conquistada pela história.

Sabe aquele livro que faz você se sentir bem? Que te faz acreditar que é permitido sonhar? Que tudo vai dar certo no fim, mesmo que pareça impossível? Se você está precisando de algo sim, leia Sangue Quente.

- Então, qual é o futuro? - pergunto. - Posso ver o passado e o presente, mas qual é o futuro?
- Bom... - Jlie começa a rir. - Acho que essa é a parte difícil. O passado é feito de fatos e história... acho que o futuro é feito de esperança.
- Ou de medo.
- Não. - Ela sacode a cabeça de forma firme e coloca a folha no meu cabelo. - Esperança.

E se você ainda está em dúvida se quer ler esse livro, faz o seguinte, assiste o filme. Se você já assistiu e amou o filme, leia o livro. Vale muito a pena e eu carimbo em cima. Está recomendado!

Boas leituras!