Lançamento: 2014
Editora: Universo dos livros
Classificação: ★★★★★
Aos catorze anos, Frankie Landau-Banks era uma garota comum, um pouco nerd, que frequentava a Alabaster, uma escola tradicional e altamente competitiva. Mas tudo muda durante as férias. Na volta às aulas para o segundo ano, o corpo de Frankie havia se desenvolvido, e ela havia adquirido muito mais atitude. Logo ela chama a atenção de Matthew Livingston, o cara mais popular do colégio, que se torna seu novo namorado e a apresenta ao seu círculo de amigos do último ano. Então Frankie descobre que Matthew faz parte de uma lendária sociedade secreta - a Leal Ordem dos Bassês -, que organiza traquinagens pela escola e não permite que garotas se juntem ao grupo. Mas Frankie não aceitará um "não" como resposta. Esperta, inteligente e calculista, ela dará um jeito de manipular a Leal Ordem e levantará questionamentos sobre gênero e poder, indivíduos e instituições. E ainda tentará descobrir se é possível se apaixonar sem perder a si mesma.
Depois do final chocante de Mentirosos fiquei extremamente curiosa para ler outros livros da autora. Então quando estava na livraria não resisti e trouxe O histórico infame de Frankie Landau-Banks pra casa (também, quem resiste a uma capa linda como essa?).
O livro começa com Frankie enviando uma carta de confissão para os administradores de sua escola sobre todas as travessuras e supostos crimes realizados pela Leal Ordem dos Bassês. E assim como em Mentirosos já ficamos de cara super curiosos para saber os eventos que levaram a essa situação.
Frankie era uma menina normal no primeiro ano, mas depois de voltar das férias de verão cheia de curvas ela começou a chamar atenção. Logo se tornou namorada do cara mais popular do colégio, e se tornou parte de seu grupinho privilegiado. A questão é que Frankie adorava fazer parte daquilo, não apenas ter Matthew como seu namorado, mas ser amiga dos amigos dele, participar do mundo dele.
Como é que ela podia ficar zangada com eles? Eles eram tão completamente indignos. Magnificamente bobos. Dispostos a tirar sarro de si mesmos na primeira oportunidade, a se humilharem, admitir fragilidades. (...) Aqueles caras estavam tão seguros do seu lugar no mundo - profundamente confiante nos seus méritos e no seu futuro - que não precisavam usar qualquer tipo de máscara.
O problema é que por mais que ela fizesse parte da vida de Matthew, ele parecia não se interessar por fazer parte da sua, e por mais que ela se esforçasse, ele continuava guardando segredos. Matthew e seus amigos participavam todos de uma sociedade secreta existente no campus da escola interna onde eles estudavam, uma sociedade secreta só para garotos, da qual o pai de Frankie já tinha feito parte, por isso ela sabia de sua existência.
A maioria das garotas se sentiria feliz só por estar nessa situação, ser a namorada do cara popular. Mas Frankie não era a maioria das garotas, ela não queria apenas fazer parte de uma parte da vida dele, ela queria fazer parte de tudo, ela queria entrar na sociedade secreta que ela sabia que nunca poderia participar por ser uma garota, e mais, ela não queria apenas fazer parte, ela queria comandar, ela queria provar a eles seu valor, que eles vissem o quanto ela era inteligente e criativa, o quanto sua personalidade era incrível. Ela não queria ser somente um enfeite bonito no braço de Matthew, ela queria ser ela queria ser reconhecida por aquele grupo de pessoas.
O que Frankie fez que não era muito comum foi imaginar-se no controle. As bebidas, as roupas, os convites, as instruções, a comida (não tinha nenhuma), o lugar, tudo. Ela perguntou a si mesma: se eu estivesse no comando, o que eu teria feito melhor?
Foi assim que começaram as pegadinhas. Frankie começou a comandar a sociedade através de e-mails nos quais ela fingia ser um dos líderes do grupo e dava instruções aos integrantes. Suas pegadinhas eram hilárias, mas ao mesmo tempo eram uma crítica social, uma crítica aos administradores da escola. E essas pegadinhas foram ganhando uma magnitude cada vez maior, até que finalmente puseram Frankie na encrenca em que ela se encontra no início do livro.
O que acho superinteressante da escrita da E. Lockhart, é como ela consegui inserir elementos linguísticos interessantes nas suas histórias. Frankie era obcecada por positivos neglicenciados e eu fiquei completamente encantada com o assunto. Tipo, a palavra negativa infeliz, tem como positivo a palavra feliz, mas Frankie preferia usar a palavra desinfeliz, e usa também vários outros positivos negligenciados durante o livro, o que deixa a leitura bem bacana.
Quando há uma palavra ou expressão negativa - imaculado, por exemplo - cujo positivo quase nunca é usado, e você decide usá-lo, você se torna um tanto quanto interessante. Ou pretensioso. Ou pretensiosamente interessante, o que às vezes pode ser bom. Em todo caso, você está desenterrando uma palavra morta. O positivo negligenciado de imaculado é maculado, o que significa moralmente impuro ou manchado. O positivo negligenciado de incômodo é cômodo - que significa suportável - apesar de quase ninguém usar nesse sentido.
Também achei muito legal as "bobalhadas dos manos". Eles são tão magnificamente bobos, como diria Frankie, causando várias situação muito engraçadas no livro. De modo geral, eu achei um livro muito divertido de se ler, e fiquei com um gostinho de quero mais no fim. O que é bom e também é ruim, eu fiquei imaginado no que a Frankie ia se tornar, será que ela virou mesmo uma agente da Cia? Ou uma líder da Máfia?
O único lado negativo foi que por ter lido Mentirosos, eu fiquei imaginando que ia acontecer alguma coisa muito chocante no fim também, achei que suas pegadinhas iam ficar bem mais pesadas, e como isso não aconteceu eu fiquei meio decepcionada. Mas tirando isso adorei o livro e acho que ele é com certeza uma boa pedida.
Beijos e boa leitura!
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